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Nós existimos...

"Assexualidade? Que diabo é isso?
Isso não é coisa de biologia? Daqueles negócios lá? Como se chamam mesmo?
Amebas? Isso ai é coisa de louco..."
É sempre assim todo o discurso de quem não sabe como somos
Acham que somos padres, freiras, santos
Só porque a gente não vê muita graça nesse tal de sexo...
Acham que a gente nunca vai transar na vida
Acham que a gente não ama
Acham que somos "amebas"
Será que eles sabem que até para nós tudo isso é novo?
Será que eles sabem que falar essas coisas destrói a mente de algumas pessoas?
Será que eles já pensaram que nós somos tão gente como eles?
Será que eles já pararam para pensar o quanto essas palavras podem machucar alguém?
"Isso aí é doença, vá se trata!
Meu filho como assim você não gosta de sexo? Tá virando viado? Vamos falar com o pastor!
Isso não é coisa de gente normal, você só deve estar confusa"
É por conta dessas palavras que muitas as vezes não aparecemos
É por causa dessas palavras que o Carlos, a Joana, o Lucas e a Luana não "saem do armário"
É por isso que as vezes parece que a gente não existe
Mas a gente existe sim! E sempre existiu
Só que não tínhamos coragem em dizer ao mundo que sexo não é nossa praia
E ninguém se importava se a gente existia ou deixava de existir
Porque sempre lutamos sozinhos contra o mundo, pois não tinha ninguém para dizer "estou com você"
Hoje em dia a gente está aparecendo mais, estamos mais unidos
E tem gente nos ajudando a tirar as duvidas que ainda temos sobre nós mesmo
Gente fazendo a gente se sentir mais normal
Gente fazendo a gente se sentir menos sozinho
Gente ensinando a gente a não dar bola para as coisas ruins que falam sobre nós...
Eles acham que a gente é confuso, que a gente é doente
Acham que o pastor vai curar algo que é da nossa natureza
Acham que amar sem precisar transar ridículo
Acham que por conta disso não teremos filhos
Eles acham tantas coisas sobre nós, mas não tem nenhuma certeza
Ah se eles soubessem que é tão difícil para nós quanto para eles
Responder todas as perguntas sobre isso, talvez eles se tornasse menos ignorantes
E tentariam nós ajudar invés de nos mandar de volta para o "armário"
Mas é muita informação para quem não tá nem ai para os outros
É mais fingir que nós não existimos, que somos apenas um bando de confusos
Que não tem noção do prazer que é o sexo...
Dedico esses poucos versos sem classe, ao João, á Mariana, á Carol, ao Paulo
Á todos os guerreiros dessa batalha por reconhecimento e respeito
Á todos que ainda estão escondidos em seus "armários" por conta do medo de não ser aceito
Á todos nós que nos descobrimos assexuais ontem, os que se descobriram amanhã
Á todos nós que estamos procurando as respostas sobre esse mundo novo
Á todos nós que amamos bolo
Á todos nós que achamos normal amor sem sexo...

~C. M. De Lima.


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