In Literatura Poemas

Desde o primeiro verso...

O silêncio é interrompido pelo barulho ensurdecedor que os aparelhos provocam
Eles piraram, dispararam e agora ensurdecem meus ouvidos, meu corpo, minha alma
Tamanha loucura me fez saltar, e querer fugir de todo aquele caos...
Eu só queria poder fugir de fininho, na ponta dos pés
Sem machucar ninguém, nem mesmo as pessoas mais cruéis que já passaram em minha vida
Eu só queria poder fugir sem ter medo de não aguentar lá fora
Sem que ninguém me segurasse, e me pedisse para ficar, pois eu não saberia negar...
Encarando as paredes, a luz do abajur fraco, as flores já quase sem vida no vaso
Tentando imaginar se há uma saída, se há uma escapatória
Imaginando se alguém poderia me oferecer uma fuga, uma noite longe daqui...
Não há nenhuma janela aqui, não há quase vida aqui
Eu só queria poder ver lá fora, ver tudo aquilo que nos últimos tempos não pude ver
Eu tenho medo de sair sozinha noite a fora, mas eu só queria um pouco de paz
Um pouco de alivio a alma, já que meu corpo não encontra mais o alivio...
Minha alma sente vontade de gritar, enquanto eu apenas a mantenho calada
As vezes eu preciso de um tempo para que minha alma diga tudo que a atormenta
Mas nesse tempo não pode haver julgamentos, apenas o silêncio
E alguém que escute sem interromper, sem dizer o que devo fazer...
Não há muito o que se fazer quando se está preso a fios e máquinas
Que a qualquer momento podem disparar e te deixar ainda mais louco
Então você ocupa sua mente imaginando todas as coisas boas que você um dia pensou em realizar...
As vezes fiascos de esperança se criam em mim
E eu saio do maldito quarto com os pés descalços perambulo por entre os corredores de chão frio
Me sinto com o mesmo espirito positivo que tinha antes de todas as coisas que aconteceram
E isso traz um certo alivio ao meu velho coração eletrocutado
Que uma hora ou outra irá voltar a falhar...
Eles sempre me encontram perto da saída, geralmente já fraca demais para resistir
E me levam outra vez ao meu quarto pouco iluminado e quase sem vida
Me dizem"descanse" e me deixam ali a outra vez a observar as paredes
E imaginar todas as coisas que eu poderia viver...
Os aparelhos piram outra vez e dessa vez não é loucura das máquinas
É meu velho coração falhando de vez, não há volta ou escapatória
Chegou ao fim e agora minha alma poderá ser livre como ele sempre quis
Desde o primeiro verso...

~C. M. De Lima. 

(Inspirado em: Thom Yorke - Last Flowers to the Hospital)

(Imagens da internet)

Related Articles

0 comentários:

Postar um comentário

Instagram

https://instagram.com/c.m.de_lima?utm_medium=copy_link

Flickr Images

Like us on Facebook